Maioria dos adolescentes de MG desconhece vacinas contra HPV e meningite, indica estudo da UFMG
Pesquisa feita pela Escola de Enfermagem revela que 21% dos entrevistados já se recusaram a tomar algum imunizante
Mesmo com as quedas nos indicadores vacinais nos últimos anos, mais de 80% dos bebês nascidos em Minas Gerais recebem as principais vacinas dos primeiros meses de vida, como BCG, Hepatite B e Pentavalente. Mas quando se observa a cobertura vacinal entre adolescentes a situação é muito mais preocupante. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), apenas 76% das meninas e 42% dos meninos receberam proteção contra o vírus do papiloma humano (HPV).
Uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), para investigar a hesitação vacinal entre adolescentes, indicou que a situação pode ser ainda mais alarmante do que esperavam os especialistas.
Segundo a pesquisadora Fernanda Penido, que lidera o estudo, os dados preliminares indicam que 55,21% dos entrevistados afirmaram não ter nenhum conhecimento sobre a vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV) e contra a meningite bacteriana (meningocócica ACWY) - aplicadas aos 9 e 11 anos de idade, respectivamente. “O resultado trouxe bastante espanto. Percebemos que se eles não têm conhecimento sobre as doenças e sobre a vacinação, eles não irão se imunizar”, diz Fernanda.
A pesquisa foi realizada por meio de um formulário disparado pela internet com 922 adolescentes de diversas cidades mineiras, com idades entre 9 e 19 anos - mediana de 11 anos. A maioria dos entrevistados é parda e 90% deles são usuários do Sistema Único de Saúde. Sobre gênero, 47,54% são do sexo masculino e 52,46% do sexo feminino. Os pesquisadores também entrevistaram os pais dos jovens e vão cruzar os dados para verificar se a opinião dos genitores influencia a visão dos filhos sobre imunização.
O estudo indica ainda que mais de 45% dos adolescentes consultados já resistiram ou tiveram dúvidas ao tomar uma vacina, enquanto 21,33% se recusaram a tomar algum imunizante. Esta hesitação vacinal está diretamente ligada à confiança dos entrevistados sobre a eficácia dos imunizantes. “O estudo indica, inicialmente, que o adolescente que não consumiu álcool nos últimos 30 dias, que possui hábitos saudáveis e nunca resistiu a uma vacina, tem maior confiança sobre a eficácia da vacinação. Já aquele que não tem o cartão de vacina e não tem muito conhecimento sobre isso demonstra ter menor confiança”, explica a pesquisadora.
“A vacinação ainda gera dúvidas, ainda que tenhamos falado sobre isso por anos, especialmente durante a pandemia. Essa comunicação não chega de maneira efetiva para o adolescente. Para melhorar isso, precisamos envolver os profissionais de saúde, da educação e as famílias. A adolescência é uma fase muito crítica da vida, é a transição, e isso afeta um comportamento saudável também na vida adulta”, esclarece Fernanda.
A pesquisadora adianta que a Escola de Enfermagem e a SES-MG devem continuar se debruçando sobre a hesitação vacinal em Minas até 2025, abordando outros públicos como gestantes e idosos. A intenção é descobrir as questões que levam as pessoas a terem dúvidas sobre o principal instrumento de prevenção. ““Vacinação é uma questão política importante. Toda a sociedade precisa ser envolvida pois não se vacinar não é uma responsabilidade individual, é coletiva”.
Lei municipal de BH pede declaração
Para melhorar os indicadores de cobertura vacinal e garantir que todas as crianças e adolescentes estejam com carteira em dia, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) publicou, em julho, a Lei nº 11.720, que tornou obrigatória a comprovação da situação vacinal do aluno para o cadastro e renovação de matrícula nas escolas do município. A legislação passa, inicialmente, a exigir uma declaração atualizada emitida pela secretaria de saúde para crianças até 5 anos de idade. A exigência será gradativa até alcançar os alunos do ensino fundamental.
Conforme o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da PBH, Paulo Roberto Corrêa, o que houve foi um refinamento da lei. “Antes, era exigido apenas a caderneta de vacinação. Agora os pais vão ter que apresentar um documento emitido pelo centro de saúde, a qual a criança está vinculada. A não apresentação não impedirá a matrícula, no entanto, os pais terão o prazo de 30 dias para regularizar a situação vacinal do filho. A ideia é que a gente consiga garantir que as crianças estejam com as vacinas em dia.”
Como a lei se refere ao Sistema Municipal de Ensino (SME), a nova regra é válida também para as instituições privadas de ensino. O superintendente geral do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinepe-MG), Paulo Leite, afirma que a exigência da situação vacinal já é uma prática pontual de todas as instituições de ensino. “A gente não faz matrícula se os pais não apresentarem o cartão de vacinação. É uma questão que envolve a responsabilidade da escola. Há um nível de consciência bem desenvolvido e aprimorado no nosso meio em relação a isso. Inclusive, promovemos campanhas constantes e regulares nas instituições”, explica.
Quais vacinas devem ser tomadas na adolescência?
HPV
Contra qual doença? Papilomavírus humano (HPV)
Quando tomar? Dose única entre 9 e 14 anos
dTpa ou dTpa-VIP
Contra qual doença? Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche)
Quanto tomar? Reforço entre 9 e 11 anos
Gripe
Contra qual doença? Diferentes tipos de Influenza
Quando tomar? Dose única anual (particular ou quando é liberada para todos os públicos no posto de saúde)
Meningocócica conjugada ACWY
Contra qual doença? Meningite bacteriana
Quando tomar? Para vacinados na infância: reforço aos 11 anos ou cinco anos após a última dose. Para não vacinados até 15 anos, duas doses com intervalo de cinco anos. A partir de 16 anos, uma dose
Febre amarela
Quando tomar? A recomendação do PNI é tomar segunda dose se recebeu a primeira antes dos 5 anos, independentemente da idade atual. Se aplicada a partir dos 5 anos de idade: dose única. Mas a SBIm recomenda duas doses, com intervalo de 10 anos entre elas
Qdenga
Contra qual doença? Dengue
Quando tomar? Esquema de duas doses com intervalo de três meses entre elas (0-3 meses). Em BH, está disponível para indivíduos de 8 a 14 anos
Fonte:
https://www.otempo.com.br/brasil/2024/8/17/maioria-dos-adolescentes-de-mg-desconhece-vacinas-contra-hpv-e-m
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